
Por Portal TdW – o seu transmissor direto do núcleo rebelde da galáxia
Se Star Wars é uma galáxia muito, muito distante, Andor é a parte mais real e próxima que ela já ofereceu. Sob a batuta de Tony Gilroy, essa série nos tirou dos sabres de luz e do brilho dos Skywalkers para mergulhar no barro da revolução. Num papo incrível com Josh Horowitz no podcast Happy Sad Confused, Gilroy compartilhou os bastidores, as dores e os prazeres de criar Andor. E o Portal TdW reuniu tudo isso para você, fã que ama saborear Star Wars com política, drama e personagens de carne, osso e rebeldia.

✦ O que é Star Wars, afinal?
Tony Gilroy não veio da ala dos adoradores devotos da saga. Para ele, Star Wars vai além dos Jedi, sabres de luz e da Força. “Ninguém viu sabres, ninguém sabe quem é Luke”, ele disse ao lembrar que a galáxia é imensa e cheia de gente que nunca ouviu falar da família Skywalker. Ele comparou a saga ao Reino Unido — a maioria só vê a coroa, mas há muito mais do que isso. É daí que Andor nasce: da margem do épico, onde vivem os esquecidos.
✦ Star Wars é uma história de revolução
Gilroy é um fã de revoluções — literais e narrativas. Ele cita Oliver Cromwell, a Revolução Francesa e julgamentos públicos como inspirações. A grande sacada? A Disney sabia exatamente o que estava contratando. Não era um golpe de mestre disfarçado. Gilroy queria mostrar como alguém comum, sujo e quebrado, vira um herói rebelde. E topou o trabalho para falar sobre fascismo, autoritarismo e resistência. Simples assim.
✦ Propriedade Intelectual? Sim. Mas com liberdade
Gilroy já trabalhou com Propriedades Intelectual antes (Bourne, Dolores Claiborne), mas nunca com tanta expectativa quanto Star Wars. Ele não chegou de joelhos ao Vaticano-Lucasfilm. Pelo contrário, diz que alimentou a sua família sendo “desrespeitoso com propriedades intelectuais”. Para ele, a chave é respeitar a essência, não necessariamente a forma. Ele fez isso em Andor, com uma fidelidade brutal ao espírito da luta por liberdade.
✦ Andor: o começo dos planos
No início, a ideia da Lucasfilm era fazer algo como “Cassian e o robô salvando uma relíquia misteriosa” — estilo Butch Cassidy no espaço. Mas Gilroy enxergou mais. “Vamos ver quem ele era no pior dia da vida dele e como ele vira aquele cara em Rogue One.” E aí nasceu o plano original: 5 temporadas, uma para cada ano antes de Rogue One. Ambicioso? Sim. Impossível? Também.
✦ A mudança de planos (e de vida)
Gilroy admitiu que não fazia ideia no que estava se metendo. Queria dirigir três episódios, achava que seria tranquilo. Quando viu, estava preso num redemoinho criativo e logístico. Foi então que, em um jardim na Escócia com Diego Luna, decidiram: “Não dá pra fazer cinco anos assim. Vamos comprimir tudo em duas temporadas”. Quatro anos, uma temporada. O que parecia um recuo virou ouro narrativo.

✦ Elenco: um coral de vozes poderosas
Andor tem mais de 400 personagens com falas nas duas temporadas. Cassian às vezes nem aparece. E Gilroy adora fazer isso: criar vida em cada canto do roteiro. Ele elogia Nina Gold, responsável pelo casting, por trazer atores do Reino Unido com profundidade e sem estrelismo. Muitos eram talentos esquecidos ou subestimados — e roubaram a cena.

✦ Luthen e Kleya: a sombra por trás da revolução
Stellan Skarsgård só topou o papel de Luthen se prometessem matá-lo em dois anos. E Kleya? Ela começou como uma coadjuvante e virou a verdadeira “força invisível” da rebelião. Gilroy viu potencial em Elizabeth Dulau e foi construindo a personagem com o tempo. A cena onde ela diz “Eu não faço o agora, eu faço o sempre” marcou o momento em que ela ascendeu como núcleo essencial da história.

✦ Syril e Dedra: o casal mais perturbador da galáxia
Gilroy brinca que essa é a maior história de amor de Star Wars (e talvez diga mais sobre ele do que sobre os personagens). Syril, o fanático reprimido, e Dedra, a zelota do Império, formam um par bizarro e fascinante. Nenhum dos dois foi pensado como romântico, mas a química dos atores (Kyle Soller e Denise Gough) mudou o jogo. Ela não queria romance. Acabou num dos pares mais tensos da saga.

✦ Genevieve O’Reilly: de Mon Mothma esquecida a monólito político
Gilroy mal conhecia Genevieve O’Reilly antes de herdar seu papel. Quando percebeu do que ela era capaz, escreveu cenas cada vez mais desafiadoras. Segundo ele, ela tem a performance mais complexa da série. Sua personagem é observada o tempo todo, armando com classe e dor a revolução política que sustenta todo o arco da Rebelião. “Ela é um Steinway. Você tira a fita das teclas e percebe que está tocando um piano perfeito.”

✦ K2SO: sim, vai aparecer, mas no tempo certo
Gilroy sabia que o público queria ver K2SO, mas resistiu. Alan Tudyk ficou impaciente, mas a decisão era estratégica: o droide é engraçado, carismático, e seria um pesadelo logístico. Melhor segurá-lo para causar impacto. Havia até um episódio estilo terror sobre sua origem, escrito por Dan Gilroy, que foi cortado por custos.
✦ A Força: um toque sutil e poderoso
Gilroy não queria ignorar a Força, seria abusivo com o legado. Por isso criou uma cena delicada onde uma curandeira sensitiva sente Cassian e agradece: “Você me devolveu algo.” Esse momento, quase imperceptível, traz a Força como destino, não como mágica. É Star Wars, mas filtrado por realismo emocional.
✦ O futuro de Star Wars (e por que ele não volta)
Gilroy afirma que, pelo menos por agora, não retorna para Star Wars. Já entregou 26 horas de conteúdo (incluindo Rogue One) e quer deixar o acampamento mais limpo do que encontrou. Ele elogia projetos futuros (como The Acolyte e Skeleton Crew) e incentiva novas vozes, sem virar modelo de nada: “Não tentem fazer o que eu fiz. Façam o que quiserem. Isso aqui não é fórmula.”

✦ Um começo tardio, mas um mestre nos bastidores
Tony Gilroy não começou cedo: só parou de servir drinks e recebeu seu primeiro pagamento aos 32 anos. Começou a acompanhar filmagens de verdade com Taylor Hackford, em Dolores Claiborne. E desde então, virou mestre em orquestrar caos criativo — como nas produções malucas de Bourne.
✦ Conclusão: um legado de ferro e emoção
Andor é sobre os esquecidos. Sobre aqueles que pavimentaram, com suor e sangue, o caminho da Aliança Rebelde. Gilroy nos lembra que a revolução custa caro e que cada engrenagem importa. A série termina com um epílogo com cinco mulheres — mostrando que a força da rebelião é coletiva, silenciosa, mas devastadora.
Tony Gilroy pode ter saído da galáxia. Mas a sua marca vai continuar por muito tempo entre os sistemas.
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