
Por: Portal TdW, especializado em Star Wars
Nos últimos dias, as redes sociais fervilharam com rumores de que a trilogia de Rian Johnson para Star Wars teria sido “cancelada” de forma definitiva. Alguns portais especializados em cultura pop — muitos deles com histórico de manchetes apressadas — passaram a ecoar essa narrativa sem qualquer verificação cuidadosa dos fatos ou das fontes primárias. Porém, ao contrário do que afirmam, a trilogia nunca foi cancelada, simplesmente porque nunca entrou em fase real de desenvolvimento. O que existiu até agora foram conversas conceituais, trocas de ideias e intenções criativas, nada mais.
Há dois dias, o Portal TdW já havia publicado uma matéria esclarecendo esse ponto. Desde então, nada mudou de forma concreta — e se algo tivesse de fato mudado, seria a própria Lucasfilm ou o próprio Rian Johnson quem viriam a público para anunciar oficialmente. Qualquer outra afirmação diferente disso é, no mínimo, especulativa — ou, como se diz popularmente, puro “achismo”.
Nesta nova matéria, damos continuidade ao que já publicamos anteriormente, com base em uma fonte primária sólida: a entrevista concedida por Rian Johnson à revista Rolling Stone. É a partir dela que faremos uma análise minuciosa do que foi dito — e, mais importante, do que não foi dito — para traçar um retrato fiel da situação atual da trilogia. Prepare-se para separar fato de ficção, e compreender de uma vez por todas em que pé realmente está o tão discutido projeto de Johnson no universo Star Wars.

Esse é o Trecho
(Repórter) O que aconteceu com a outra trilogia de Star Wars que diziam que você faria?
(Ryan) Na verdade, nada aconteceu com ela. Nós nos divertimos muito trabalhando juntos, e eles disseram: “Vamos continuar fazendo isso.” E eu disse: “Ótimo!” Eu trocava ideias com a Kathy. A versão curta é que Knives Out aconteceu. Eu fui fazer Knives Out e, a partir daí, entrei em uma correria, ocupado com esses mistérios de assassinato. É o tipo de coisa que, se mais adiante surgir uma oportunidade de fazer isso — ou outra coisa dentro de Star Wars — eu ficaria empolgado. Mas, por enquanto, estou apenas fazendo minhas próprias coisas, e estou bem feliz com isso.
O anúncio e a narrativa oficial
Ao longo de 2018, Johnson falou diversas vezes sobre o projeto, mantendo a empolgação. Ele mencionava que queria “criar algo novo” e “construir do zero”, sem vínculos com Jedi, Sith ou política imperial. Tratava-se de um Star Wars diferente — talvez até mais arriscado, mais autoral.
Porém, conforme os anos passaram e nenhuma atualização concreta foi dada, os fãs começaram a duvidar. O silêncio da Lucasfilm sobre a trilogia, somado ao crescimento do universo televisivo com The Mandalorian, Andor e Ahsoka, fez com que muitos acreditassem que o projeto havia sido silenciosamente cancelado. Em 2020, a ausência da trilogia no cronograma oficial de lançamentos da Disney intensificou essas suspeitas.
Mas o que poucos perceberam é que nunca houve um cancelamento formal e oficial. Em todas as ocasiões em que foi perguntado, Johnson afirmou que ainda queria fazer os filmes — apenas estava ocupado com Knives Out. Kennedy, por sua vez, nunca declarou a trilogia como morta, apenas reconheceu a falta de avanço concreto. O resultado? Um projeto real, com interesse mútuo, que nunca passou do papel — mas também nunca foi descartado oficialmente.
O que realmente aconteceu?
Para entender o que ocorreu com a trilogia de Rian Johnson, é preciso primeiro compreender o que ela não era. Não havia contrato assinado para três filmes. Não havia equipe de produção designada, nem sequer um roteirista adicional. Também não havia datas ou cronogramas. A tal “trilogia” era, em essência, uma carta branca criativa entregue a Johnson com base na confiança depositada pela Lucasfilm após o trabalho dele em The Last Jedi — um gesto raro em Hollywood, especialmente para uma franquia como Star Wars.
A realidade é que, após o anúncio de 2017, as prioridades de Johnson mudaram radicalmente. Em paralelo à pós-produção e promoção de The Last Jedi, o diretor começou a trabalhar em um projeto próprio de mistério no estilo Agatha Christie — o agora mundialmente conhecido Knives Out. Esse filme, lançado em 2019, foi um sucesso de crítica e público, revitalizando o gênero de mistério no cinema. Sua recepção foi tão positiva que Johnson imediatamente começou a trabalhar em uma sequência.
Com o sucesso estrondoso de Knives Out, a Netflix entrou em cena com um contrato milionário para a produção de duas sequências exclusivas. Isso mudou completamente a equação. Johnson, que antes estava comprometido informalmente com Star Wars, passou a ter prazos, contratos e entregas com a Netflix. Naturalmente, sua atenção — e agenda — foi tomada por esse novo universo.
Enquanto isso, a Lucasfilm também passava por uma reestruturação interna. Os planos para cinema começaram a ser substituídos por projetos para Disney+, como The Mandalorian, Obi-Wan Kenobi e Andor. Muitos filmes anunciados (incluindo os de Johnson, Patty Jenkins e até Kevin Feige) foram colocados em segundo plano. A direção da empresa mudou o foco para projetos que já estavam em desenvolvimento prático e que ofereciam retorno imediato com menor risco criativo.
O próprio Johnson, em entrevistas recentes, reconheceu que nunca escreveu sequer um esboço ou tratamento para os filmes. Ele e Kennedy trocaram ideias, pensaram em direções possíveis, mas nada disso foi concretizado no papel. O projeto, como ele mesmo definiu, foi “muito conceitual” — não passou de conversas e entusiasmo criativo, sem virar um projeto tangível.
Assim, dizer que a trilogia foi “cancelada” é ignorar que ela nunca chegou a nascer de verdade. Não houve anúncio de cancelamento porque não havia desenvolvimento formal. O que existia era uma intenção mútua, uma vontade de explorar algo novo, que foi deixada de lado — não por conflito, mas por mudança de prioridades. Em suma, a trilogia de Johnson é uma daquelas ideias que ficam no arquivo “talvez um dia” — onde muitos grandes projetos de Hollywood acabam ficando até que o timing e as agendas se alinhem.
“Cancelada”? Vamos esclarecer termos
Quando falamos sobre o destino da trilogia de Rian Johnson, a primeira palavra que costuma surgir nas manchetes é: “cancelada”. Mas, para sermos justos — e fiéis ao que realmente aconteceu — é necessário fazer uma distinção muito clara entre os termos cancelamento, engavetamento, hiato e projeto não iniciado. São conceitos muito distintos dentro da indústria cinematográfica, ainda mais no contexto complexo que envolve Star Wars.
Primeiramente, cancelamento formal ocorre quando um projeto em produção ativa é interrompido. Isso significa que existem roteiros entregues, equipes contratadas, orçamentos aprovados e, eventualmente, até filmagens iniciadas — tudo isso é abruptamente encerrado, geralmente por problemas criativos, financeiros ou estratégicos. Um exemplo clássico dentro da própria Lucasfilm foi o cancelamento do jogo Star Wars 1313, ou da série Star Wars: Underworld, idealizada por George Lucas antes da compra pela Disney. Nestes casos, havia conteúdo real em desenvolvimento que foi abandonado.
No caso da trilogia de Johnson, esse não foi o cenário. O projeto foi anunciado como uma promessa — um “sinal verde” conceitual, baseado na confiança em Johnson após Os Últimos Jedi. Mas não houve nunca um contrato definitivo com cronograma fechado, nem a contratação de uma equipe, nem script entregue. Johnson confirmou, em múltiplas entrevistas, que sequer passou da fase de brainstorm com Kathleen Kennedy. Ele mesmo disse: “It was all very conceptual. There was never any outline or treatment or anything.” Isso significa que não havia nada concreto a ser cancelado.
O termo mais apropriado, nesse contexto, é o que os bastidores de Hollywood chamam de “development limbo” — o limbo do desenvolvimento. É onde projetos vivem quando são anunciados, mas nunca entram na fase de pré-produção real. Essa zona nebulosa é onde muitos filmes passam anos ou décadas até que sejam oficialmente retomados ou silenciosamente esquecidos. O filme do Boba Fett, por exemplo, viveu nesse limbo até ser oficialmente engavetado para dar lugar à série The Mandalorian.
Alguns analistas e jornalistas preferem chamar esse estado de “hiato indefinido”, uma definição justa, embora ainda otimista. A diferença entre um projeto morto e um projeto em hiato é, basicamente, a boa vontade dos envolvidos em eventualmente ressuscitá-lo. E no caso da trilogia de Johnson, ambos os lados — Johnson e Lucasfilm — afirmaram em mais de uma ocasião que a porta não está fechada. Apenas o tempo (e as agendas) decidirão se esse retorno é viável.
Dizer, portanto, que a trilogia foi “cancelada” é enganoso, impreciso e sensacionalista. É como dizer que um romance nunca escrito foi rejeitado por uma editora: não foi rejeitado — ele simplesmente nunca foi entregue. A trilogia existe no campo da intenção, da possibilidade criativa, e ainda não foi oficialmente encerrada. Está em espera, como tantas outras ideias na história de Star Wars. E nessa galáxia vasta e mutável, o “nunca” é uma palavra muito difícil de usar.
Contexto atual do universo Star Wars
Enquanto isso, Lucasfilm seguiu com outros projetos:
- Simon Kinberg desenvolve nova trilogia, com rascunhos esperados para junho de 2025.
- Taika Waititi, James Mangold, Sharmeen Obaid‑Chinoy e Dave Filoni têm projetos confirmados, porém ainda em variados estágios de desenvolvimento.
- No cinema, apenas The Mandalorian & Grogu (2026) e Starfighter (2027) estão com datas firmes.
Reações de fãs e envolvidos
✅ A comunidade
Em fóruns como Reddit e ResetEra, a postura é unanime:
“Rian Johnson’s Star Wars trilogy was never fully outlined”
“Nothing really happened with it”“A trilogia de Star Wars de Rian Johnson nunca foi totalmente descrita”
“Nada realmente aconteceu com ele”
✅ O próprio Johnson
Ele afirma sem rodeios:
“It was all very conceptual… there was never any outline or treatment or anything”.
“Era tudo muito conceptual… nunca houve nenhum esboço ou tratamento ou qualquer coisa”.
E não descarta o universo Star Wars, abrindo a porta para futuros retornos ao mundo da Força .
✅ Kathleen Kennedy (contexto)
Embora tenha mencionado discussões com Johnson, ela agora foca nos projetos em andamento, reorientando a estratégia da Lucasfilm para narrativas diversificadas .
Conclusão
- Não houve cancelamento formal: nada existia de fato para ser cancelado.
- Mas também não existe desenvolvimento ativo: a trilogia está congelada, provavelmente até Johnson ter tempo livre.
- O termo correto? “Hiato indefinido” — mais preciso do que “cancelada”.
- Se Johnson colocar Knives Out e Poker Face na agenda para trás ou em paralelo, o projeto pode ressuscitar.
Repercussão nas redes
- Fãs cautelosos: a empolgação inicial deu lugar ao ceticismo, especialmente após entrevistas recentes.
- A comunidade diz: “tudo foi conversa, mas nada saiu daí.”
- Expectativa moderada: mesmo com Johnson aberto a voltar, sem plano concreto o hype despenca.
Conclusão
O que vemos é uma trilogia que existiu no mundo das ideias, mas nunca virou filme. Ela não foi cancelada oficialmente, mas está parada desde o brainstorm. Call it “em espera”, “em banho-maria”, nem tanto cancelada.
Para os que gostam de qualquer coisa de Star Wars, isso é um misto de dor e esperança: pode voltar um dia, mas até lá, a galáxia segue sem seu novo capítulo por Johnson. Para aqueles que são mais exigentes vão permanecer em incógnita ainda.
Por ora, é prudente seguir o que é real — e não o que apenas soa dramático. A trilogia de Rian Johnson existe — mas só como possibilidade. O que você acha? A trilogia foi ou não foi cancelada? Você concorda com a nossa análise?