
Sinopse
Na quarta e penúltima edição da adaptação em quadrinhos de A Ascensão Skywalker, a batalha pelo destino da galáxia se intensifica enquanto nossos heróis se veem cada vez mais encurralados por forças que desafiam tanto a física quanto o espírito. A HQ mergulha nos momentos em que Rey confronta não apenas os horrores da linhagem Palpatine, mas também os ecos do passado Jedi. Enquanto isso, Kylo Ren hesita na beira do abismo, em um dilema que definirá o futuro da Ordem Sith e da Resistência. A edição adapta, com bom ritmo visual, o clímax emocional dos personagens enquanto a galáxia se prepara para seu juízo final.
Personagens Principais e Seus Dilemas
- Rey: A alma da história. Carregando o fardo de ser neta do Imperador Palpatine, ela luta para manter seu caminho na luz, mesmo sendo puxada pelas sombras. Sua angústia é palpável, mas a HQ consegue manter o equilíbrio entre ação e introspecção. O destaque aqui é a sua relutância em aceitar um destino que parece pré-determinado, e sua busca por uma identidade que não seja definida por sangue.
- Kylo Ren / Ben Solo: Dividido entre o legado Skywalker e a tentação Sith, Kylo tem, talvez, seu momento mais humano nesta edição. As interações com Rey e as memórias de Leia criam um pano de fundo tocante para seu possível retorno à luz.
- Leia Organa: Mesmo com sua presença limitada devido às circunstâncias da produção original do filme, a HQ presta homenagem à General Leia com dignidade. Seu impacto sobre os demais personagens, especialmente Ben, é o que sustenta boa parte da carga emocional da narrativa.
- Palpatine: O eterno fantasma da saga retorna com sua megalomania intacta. A HQ adapta seus diálogos com uma aura de teatro cósmico, quase shakespeariano. Ele é mais um símbolo de tentação e corrupção do que um personagem tradicional, mas sua presença é magnética.
- Finn, Poe e os demais da Resistência: Funcionam bem como pilares do heroísmo clássico. Enquanto Rey e Ben enfrentam dilemas espirituais e existenciais, Poe e Finn são o coração prático da luta — pilotos, soldados e irmãos de armas.
Pontos Altos
- Adaptação Visual e Narrativa: A arte da edição consegue criar uma ambientação densa, quase sufocante, para representar o estado emocional dos personagens. A movimentação de Rey em Ajan Kloss, os contrastes entre luz e sombra e as expressões faciais densas são destaques notáveis.
- Diálogos mais enxutos e impactantes: A adaptação remove parte da verborragia do filme e opta por frases mais afiadas, sem perder o impacto dramático. Isso resulta em uma narrativa que flui com mais clareza e emoção.
- Tradução fiel e respeitosa: A versão brasileira revisada traz uma linguagem que respeita o cânone e mantém o tom épico da saga. A presença de termos marcantes e a manutenção do estilo peculiar dos personagens, como Maz e Leia, mostra respeito ao texto original.
Pontos Baixos
- Palpatine como vilão expositivo: Ainda que visualmente imponente, sua presença na HQ é basicamente uma sequência de explicações e ameaças genéricas. Não há profundidade nova, apenas repetição de seu papel como arquétipo do mal absoluto.
- Falta de respiro para os coadjuvantes: Personagens como Rose Tico, Chewbacca e até mesmo Lando são empurrados para os cantos da página, com pouquíssimo impacto real na história até aqui. A HQ, ao seguir fielmente o roteiro do filme, herda também esse problema de desequilíbrio.
Outros Temas Abordados
- Herança e Escolha: O dilema da identidade — escolher o que você é versus aceitar o que disseram que você é — percorre cada diálogo de Rey e Ben.
- Redenção como sacrifício: A edição prepara o terreno emocional para o retorno de Ben Solo, trabalhando de maneira sutil o conflito interno e a perda necessária para a redenção.
- A Morte como Transcendência: Leia é tratada não como uma mártir, mas como uma guia espiritual — sua morte não é uma perda, mas um passo necessário para restaurar o equilíbrio na Força.
Veredito Final
A edição #4 da HQ Star Wars: The Rise of Skywalker – Adaptation é, sem dúvida, uma das mais impactantes da série. Mais do que simplesmente ilustrar cenas do filme, ela reconta momentos-chave com uma sensibilidade visual que eleva a narrativa. O que no filme soava apressado ou mal explicado aqui ganha corpo, ritmo e, principalmente, humanidade.
A arte trabalha em parceria com os diálogos para criar camadas emocionais mais acessíveis. As feições dos personagens — principalmente Rey e Ben — são meticulosamente desenhadas, transmitindo angústia, dúvida e esperança. Os quadros não se limitam a copiar o que já vimos nas telonas; eles interpretam. E isso é um grande mérito.
No entanto, por seguir tão de perto o roteiro do filme, a HQ carrega também seus vícios: vilões unidimensionais, coadjuvantes subaproveitados e uma pressa narrativa em certos trechos que impede um mergulho mais profundo em momentos-chave. Mesmo assim, para fãs que desejam uma nova leitura (literalmente) de A Ascensão Skywalker, esta edição oferece mais do que um replay: oferece uma experiência emocional aprimorada.
Nota: 8,5/10
A HQ de Star Wars é recomendada tanto para os que desejam revisitar o Episódio IX com um novo olhar quanto para aqueles que procuram entender melhor as motivações internas dos protagonistas. Com apenas uma edição restante, o palco está montado para a grande conclusão — e esta edição prepara o terreno com competência e emoção.